Neste 11 de setembro, além do trágico ataque às torres gêmeas, também me veio o número [11], cabalístico.
Lembra-me [também] a polemica entre o dia do nascimento de Antonio (sem acento) Nássara, caricaturista-compositor carioca [depois adicionou Gabriel ao nome]. Enciclopedias dizem 11 de novembro de 1910 mais certo é que é 12 de novembro de 1909 que o próprio Nássara contrariou...
Seus desenhos mais parecem aqueles bonecos japoneses que nem a PUCA... Legendário compositor de dezenas de sucessos do carnaval do Rio antigo [compôs 232 músicas, especialmente sambas e marchas]. Há décadas quase surdo. Como desenhista fez charges, caricaturas e cartuns. Dizia que se preferia ser caricaturista e ex-programador visual de vários jornais cariocas – a músico. Mas raramente falava do seu trabalho gráfico preferindo os encontros no mundo musical.
Nássara, com pseudônimo de Luiz Antonio (1932), também escreveu o primeiro jingle feito no Brasil, num programa radiofônico chamado “Casé” de Ademar Casé, pernambucano, que viera ao Rio vencer na vida, o programa foi seu salto à frente e para cima, com suas próprias economias alugou um horário de domingo à noite, por 19 anos e depois associou-se a Assis Chateaubriand na criação da primeira emissora de televisão do Brasil. Sem dúvida, um homem pioneiro em tudo que fazia esse tal Ademar.
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Pai do arquiteto Paulo Casé, do diretor Geraldo Casé, do publicitário Maurício Casé e avô da atriz e apresentadora Regina Casé. Nássara escreveu um jingle para um português, Albino, dono de uma padaria muito famosa na época chamada Bragança, para servir como um dos patrocinadores do programa. O programa quase acabou não fosse o surgimento de dois patrocinadores de peso, Uma loja de eletrodomésticos da Av. Rio Branco, a R. F. Moreira; outro dos Laboratórios Queiroz de São Paulo. Aos dois a cultura brasileira agradece a continuidade do Programa Casé. Para o segundo patrocinador, fabricante do Mano Purgativo, Nássara também faria outro gingle de humor irreverente, uma sátira aos costumes.
A crônica da noiva enfezada merece estar entre as obras de Nássara. No quarto volume de sua História da caricatura no Brasil, Herman Lima dedica a Nássara 13 páginas do 13o capitulo: os modernos. Era, na verdade, funcionário como diagramador. Seus originais, tantas vezes retocados com guache branco, são em preto e branco, a nanquim (traçado a tira-linhas de desenho técnico). O atestado disso é todo o seu trabalho, fino desenhos com linhas grossíssimas e economia de elementos, - exigência para a publicação reduzida nas colunas de jornais (cerca 4 cm).
Morreu numa quarta-feira 11 de dezembro de 1996 aos 87 anos, dia do aniversário do amigo-parceiro Noel Rosa.
Com Iracema (sua esposa), por volta de 1950.
Ótima coletânea organizada por Loredano em 1986 (já difícil de encontrar) para entender o impacto da obra daquele que Millôr Fernandes definiu como “o Mondrian do portrait-charge”. Com vários desenhos de Nássara.
O pesquisador Carlos Didier é o mais recente a se debruçar sobre a vida e a carreira do artista, em “Nássara Passado a Limpo” (José Olympio Editora, 252 págs., R$ 35,00). Seu livro acrescenta informações e histórias a outros dois títulos, hoje só encontrados em sebos – “Nássara – O perfeito fazedor de artes”, de Isabel Lustosa, e “Nássara, desenhista”, de Cássio Loredano.
Diniz Botelho (dinizbotelho.blogspot.com)
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olá, fiquei muito impressionado com a charge do aníbal barcellos, sou graduando de artes visuais na unifap e estou trabalhando a charge como tema do meu tcc, é uma raridade estar vendo uma charge amapaense dessa época, estou atrás de charges antigas amapaenses ou comentários sobre essa época para incluir em uma análise histórica, se você puder colaborar com alguma coisa, qualquer que seja, ficarei muito agradecido: gersonCF@hotmail.com
ResponderExcluirabç
Só uma pequena correção, Diniz...
ResponderExcluirNa verdade, são os desenhos japoneses (que nem a Puca) que se parecem com os desenhos de Nássara.
Abração!